sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Sola Scriptura: a farsa desmascarada! PARTE 03



Várias expressões, como já vimos, são citadas no NT, mas não constam no AT e nem mesmo nos Evangelhos (Veja Mt 2,23; At 20, 35; 2Tm 3, 8; Jd 9). Como podem, então, os solas cripturistas alegarem que os cristãos primitivos só usavam as Escrituras? Não fica claro o absurdo dessa afirmação?
Quanto ao fato de dizerem que Jesus condenou o uso da Tradição em Mc 7,9 é outra ilusão. Se isso fosse verdade S. Paulo não nos recomendaria também guardarmos o ensino oral dos apóstolos como já vimos. O problema demonstrado aqui é o fato dos Fariseus ensinarem informalmente sua própria tradição em vez da Tradição que foi comunicada desde Abraão até os Profetas (Exatamente como fazem hoje os solas cripturistas, cada um pregando suas próprias tradições). Se Jesus condenasse as tradições formais, Ele não teria dito ao povo que ouvisse os fariseus quando estes ensinassem na Cadeira de Moisés, ou seja, ensinassem formalmente como legítimos sucessores de Moisés (cf. Mt 23,2). Cristo, então, condena as tradições informais, não as formais. Ainda mais: o fato de Cristo ter condenado as tradições farisaicas isso não significa dizer que ele rejeitava as tradições como tais. Ele rejeitava a “tradição” humana, não a tradição divina. O termo grego usado aí para “tradição” é o mesmo que aparece em 2 Tes 2, 15 e 3,6 “paradosin”, e como se vê, em Marcos ela significa algo negativo; em Paulo, ela significa algo positivo.
Quanto ao caso dos bereanos, notemos que não foi apenas o testemunho da Escritura que os levou a abraçar a fé cristã. Ao contrário, se fossem apenas pelas Escrituras, eles rejeitariam, e não aceitariam, o ensino dos apóstolos, pois muitos ensinos apostólicos não tinham apoio no AT, como inclusive já vimos. Logo, esse argumento não procede. Se lermos o contexto, veremos que o texto diz algo importantíssimo, que esclarecerá definitivamente a passagem. Vejamos: “Estes (os bereanos) eram mais nobres do que os de Tessalônica e receberam a palavra com ansioso desejo, indagando todos os dias, nas Escrituras, se estas coisas eram assim.” (At 17, 11). Como se vê, o texto não elogia os bereanos apenas por consultarem as Escrituras, mas antes por “receberem a palavra” oral dos apóstolos. Logo, eles não eram adeptos da Sola Scriptura, pois se fossem, rejeitariam o testemunho de Paulo, “E este Cristo é Jesus que vos anuncio.” (verso 3) ), que não constava nas Escrituras. Embora apoiando-se nas palavra escrita, conforme os primeiros três versículos desse capítulo de Atos, Paulo logo depois mudou o caminho do argumento das Escrituras para o seu próprio testemunho “E este Cristo é Jesus que vos anuncio.” A doutrina de que Jesus é o Cristo trazida, por ele, não se encontrava nas Escrituras, embora se harmonizasse com elas, no entanto, os bereanos a aceitaram, tão somente porque confiaram no testemunho dos apóstolos.
Quanto ao fato deles consultarem as Escrituras para certificarem-se da autenticidade das palavras dos apóstolos, também não favorece nem a Sola Scriptura nem o livre-exame, pois quando os bereanos conferiram nas Escrituras se era verdadeira a doutrina de S. Paulo, comportaram-se como qualquer não-crente que para saber ou não se deve abraçar a fé cristã faria. Repetimos: se os bereanos fossem solas cripturistas, colocariam, como vimos, S. Paulo em maus lençóis, pois o apóstolo não poderia provar muitos ensinos dele pela Escritura que possuía.
Conclusão: o caso dos bereanos em vez de demonstrar a Sola Scriptura, mostra é a autoridade da Escritura ao lado da autoridade da Igreja. O que contraria a Sola Scriptura.

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