quinta-feira, 21 de maio de 2015

A COMUNICAÇÃO CONTÍNUA




          Em todos os ambientes da sociedade é importantíssimo haver o diálogo entre as pessoa. É preciso ter essa relação de comunicação. Esse comunicar que é agir.
          “Quem não se comunica”, já dizia o saudoso Chacrinha “se estrumbica”. Por isso é preciso haver nas relações humanas esse momento de diálogo, de discussão, de complementaridade de entendimento no ser masculino e feminino.
          O que um sabe talvez o outro não saiba e, é exatamente nesta relação, nesta comunicação que vai haver a continuidade de pensamentos e atitudes concretas na vida. Homens e mulheres que não se comunicam, privam-se da auto-revelação para que outros o reconheçam como são.
          Isso acontece pelo fato de não haver diálogo que possa gerar na vida de outros a mudança em suas diversas relações na sociedade. Vamos encontrando cada vez mais pessoas fragmentadas em todos os sentidos da vida. E esta fragmentação vai transbordando em várias áreas da vida humana e principalmente em relação à comunicação. Percebemos que existem aqueles que são indiferentes porque não conseguiram se realizar entrando em contato com pessoas que ao seu ver seriam mais importantes do elas próprias.
          É preciso comunicar o que vamos fazer sem restrições no saber e no conhecer aqueles que são diferentes de nós no que diz respeito ao diálogo que devemos travar para haver perfeito conhecimento e partilha em comum para gerar a famosa fraternidade universal. Pois a mesma começa aqui entre nós.
          Fico por aqui e até breve.

domingo, 17 de maio de 2015

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO PARA O XLIX DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor [17 de Maio de 2015]


O tema da família encontra-se no centro duma profunda reflexão eclesial e dum processo sinodal que prevê dois Sínodos, um extraordinário – acabado de celebrar – e outro ordinário, convocado para o próximo mês de Outubro. Neste contexto, considerei  oportuno que o tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais tivesse como ponto de referência a família. Aliás, a família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar. Voltar a este momento originário pode-nos ajudar quer a tornar mais autêntica e humana a comunicação, quer a ver a família dum novo ponto de vista.
Podemos deixar-nos inspirar pelo ícone evangélico da visita de Maria a Isabel (Lc 1, 39-56). «Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”» (vv. 41-42).
Este episódio mostra-nos, antes de mais nada, a comunicação como um diálogo que tece com a linguagem do corpo. Com efeito, a primeira resposta à saudação de Maria é dada pelo menino, que salta de alegria no ventre de Isabel. Exultar pela alegria do encontro é, em certo sentido, o arquétipo e o símbolo de qualquer outra comunicação, que aprendemos ainda antes de chegar ao mundo. O ventre que nos abriga é a primeira «escola» de comunicação, feita de escuta e contacto corporal, onde começamos a familiarizar-nos com o mundo exterior num ambiente protegido e ao som tranquilizador do pulsar do coração da mãe. Este encontro entre dois seres simultaneamente tão íntimos e ainda tão alheios um ao outro, um encontro cheio de promessas, é a nossa primeira experiência de comunicação. E é uma experiência que nos irmana a todos, pois cada um de nós nasceu de uma mãe.
Mesmo depois de termos chegado ao mundo, em certo sentido permanecemos num «ventre», que é a família. Um ventre feito de pessoas diferentes, interrelacionando-se: a família é «o espaço onde se aprende a conviver na diferença» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 66). Diferenças de géneros e de gerações, que comunicam, antes de mais nada, acolhendo-se mutuamente, porque existe um vínculo entre elas. E quanto mais amplo for o leque destas relações, tanto mais diversas são as idades e mais rico é o nosso ambiente de vida. O vínculo está na base da palavra, e esta, por sua vez, revigora o vínculo. Nós não inventamos as palavras: podemos usá-las, porque as recebemos. É em família que se aprende a falar na «língua materna», ou seja, a língua dos nossos antepassados (cf. 2 Mac 7, 21.27). Em família, apercebemo-nos de que outros nos precederam, nos colocaram em condições de poder existir e, por nossa vez, gerar vida e fazer algo de bom e belo. Podemos dar, porque recebemos; e este circuito virtuoso está no coração da capacidade da família de ser comunicada e de comunicar; e, mais em geral, é o paradigma de toda a comunicação.
A experiência do vínculo que nos «precede» faz com que a família seja também o contexto onde se transmite aquela forma fundamental de comunicação que é a oração. Muitas vezes, ao adormecerem os filhos recém-nascidos, a mãe e o pai entregam-nos a Deus, para que vele por eles; e, quando se tornam um pouco maiores, põem-se a recitar juntamente com eles orações simples, recordando carinhosamente outras pessoas: os avós, outros parentes, os doentes e atribulados, todos aqueles que mais precisam da ajuda de Deus. Assim a maioria de nós aprendeu, em família, a dimensão religiosa da comunicação, que, no cristianismo, é toda impregnada de amor, o amor de Deus que se dá a nós e que nós oferecemos aos outros.
Na família, é sobretudo a capacidade de se abraçar, apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos, entre pessoas que não se escolheram e todavia são tão importantes uma para a outra… é sobretudo esta capacidade que nos faz compreender o que é verdadeiramente a comunicação enquanto descoberta e construção de proximidade. Reduzir as distâncias, saindo mutuamente ao encontro e acolhendo-se, é motivo de gratidão e alegria: da saudação de Maria e do saltar de alegria do menino deriva a bênção de Isabel, seguindo-se-lhe o belíssimo cântico do Magnificat, no qual Maria louva o amoroso desígnio que Deus tem sobre Ela e o seu povo. De um «sim» pronunciado com fé, derivam consequências que se estendem muito para além de nós mesmos e se expandem no mundo. «Visitar» supõe abrir as portas, não encerrar-se no próprio apartamento, sair, ir ter com o outro. A própria família é viva, se respira abrindo-se para além de si mesma; e as famílias que assim procedem, podem comunicar a sua mensagem de vida e comunhão, podem dar conforto e esperança às famílias mais feridas, e fazer crescer a própria Igreja, que é uma família de famílias.
Mais do que em qualquer outro lugar, é na família que, vivendo juntos no dia-a-dia, se experimentam as limitações próprias e alheias, os pequenos e grandes problemas da coexistência e do pôr-se de acordo. Não existe a família perfeita, mas não é preciso ter medo da imperfeição, da fragilidade, nem mesmo dos conflitos; preciso é aprender a enfrentá-los de forma construtiva. Por isso, a família onde as pessoas, apesar das próprias limitações e pecados, se amam, torna-se uma escola de perdão. O perdão é uma dinâmica de comunicação: uma comunicação que definha e se quebra, mas, por meio do arrependimento expresso e acolhido, é possível reatá-la e fazê-la crescer. Uma criança que aprende, em família, a ouvir os outros, a falar de modo respeitoso, expressando o seu ponto de vista sem negar o dos outros, será um construtor de diálogo e reconciliação na sociedade.
Muito têm para nos ensinar, a propósito de limitações e comunicação, as famílias com filhos marcados por uma ou mais deficiências. A deficiência motora, sensorial ou intelectual sempre constitui uma tentação a fechar-se; mas pode tornar-se, graças ao amor dos pais, dos irmãos e doutras pessoas amigas, um estímulo para se abrir, compartilhar, comunicar de modo inclusivo; e pode ajudar a escola, a paróquia, as associações a tornarem-se mais acolhedoras para com todos, a não excluírem ninguém.
Além disso, num mundo onde frequentemente se amaldiçoa, insulta, semeia discórdia, polui com as murmurações o nosso ambiente humano, a família pode ser uma escola de comunicação feita de bênção. E isto, mesmo nos lugares onde parecem prevalecer como inevitáveis o ódio e a violência, quando as famílias estão separadas entre si por muros de pedras ou pelos muros mais impenetráveis do preconceito e do ressentimento, quando parece haver boas razões para dizer «agora basta»; na realidade, abençoar em vez de amaldiçoar, visitar em vez de repelir, acolher em vez de combater é a única forma de quebrar a espiral do mal, para testemunhar que o bem é sempre possível, para educar os filhos na fraternidade.
Os meios mais modernos de hoje, irrenunciáveis sobretudo para os mais jovens, tanto podem dificultar como ajudar a comunicação em família e entre as famílias. Podem-na dificultar, se se tornam uma forma de se subtrair à escuta, de se isolar apesar da presença física, de saturar todo o momento de silêncio e de espera, ignorando que «o silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras ricas de conteúdo» (Bento XVI, Mensagem do XLVI Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24/1/2012); e podem-na favorecer, se ajudam a narrar e compartilhar, a permanecer em contacto com os de longe, a agradecer e pedir perdão, a tornar possível sem cessar o encontro. Descobrindo diariamente este centro vital que é o encontro, este «início vivo», saberemos orientar o nosso relacionamento com as tecnologias, em vez de nos deixarmos arrastar por elas. Também neste campo, os primeiros educadores são os pais. Mas não devem ser deixados sozinhos; a comunidade cristã é chamada a colocar-se ao seu lado, para que saibam ensinar os filhos a viver, no ambiente da comunicação, segundo os critérios da dignidade da pessoa humana e do bem comum.
Assim o desafio que hoje se nos apresenta, é aprender de novo a narrar, não nos limitando a produzir e consumir informação, embora esta seja a direcção para a qual nos impelem os potentes e preciosos meios da comunicação contemporânea. A informação é importante, mas não é suficiente, porque muitas vezes simplifica, contrapõe as diferenças e as visões diversas, solicitando a tomar partido por uma ou pela outra, em vez de fornecer um olhar de conjunto.
No fim de contas, a própria família não é um objecto acerca do qual se comunicam opiniões nem um terreno onde se combatem batalhas ideológicas, mas um ambiente onde se aprende a comunicar na proximidade e um sujeito que comunica, uma «comunidade comunicadora». Uma comunidade que sabe acompanhar, festejar e frutificar. Neste sentido, é possível recuperar um olhar capaz de reconhecer que a família continua a ser um grande recurso, e não apenas um problema ou uma instituição em crise. Às vezes os meios de comunicação social tendem a apresentar a família como se fosse um modelo abstracto que se há-de aceitar ou rejeitar, defender ou atacar, em vez duma realidade concreta que se há-de viver; ou como se fosse uma ideologia de alguém contra outro, em vez de ser o lugar onde todos aprendemos o que significa comunicar no amor recebido e dado. Ao contrário, narrar significa compreender que as nossas vidas estão entrelaçadas numa trama unitária, que as vozes são múltiplas e cada uma é insubstituível.
A família mais bela, protagonista e não problema, é aquela que, partindo do testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos. Não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro.
Vaticano, 23 de Janeiro – Vigília da Festa de São Francisco de Sales – de 2015.
Francisco PP.
 

Família é tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2015

Tema foi escolhido pelo Papa; em 2015, temática também estará em destaque por ocasião do Sínodo dos Bispos e do Encontro Mundial das Famílias
Jéssica Marçal, com Boletim da Santa Sé
Da Redação
Famílias vão estar em destaque em 2015: no Sínodo, no Encontro Mundial das Famílias e no Dia das Comunicações / Foto: Arquivo
Famílias vão estar em destaque em 2015: no Sínodo, no Encontro Mundial das Famílias e no Dia das Comunicações / Foto: Arquivo
O Vaticano anunciou nesta segunda-feira, 29, o tema escolhido pelo Papa Francisco para o 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais, em 2015. A família é a temática central: “Comunicar a família. Ambiente privilegiado do encontro, na gratuidade do amor”.
A mensagem do Santo Padre para a ocasião, texto que será divulgado posteriormente, estará em sintonia com outros eventos dedicados à família em 2015. No ano que vem, serão realizados o Encontro Mundial das Famílias, na Filadélfia (EUA), e a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que vai complementar a Assembleia Geral Extraordinária deste ano (5 a 19 de outubro) que tem como tema “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.
Em comunicado divulgado hoje, o Pontifício Conselho das Comunicações Sociais destaca o papel da Igreja na propagação dos valores familiares. “A Igreja hoje deve novamente aprender a dizer o quanto a família seja um grande dom, bom e belo. É chamada a encontrar o modo para expressar que a gratuidade do amor, que se oferece aos esposos, aproxima todos os homens a Deus e esta é uma tarefa magnífica. Por que? Porque direciona o olhar à verdadeira realidade do homem e abre as portas para o futuro, a vida”.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais é o único dia estabelecido no Concílio Vaticano II, durante o pontificado de Paulo VI, com o decreto Inter Mirifica. Desde então, a data vem sendo celebrada em muitos países no domingo que antecede a Festa de Pentecostes (em 2015, 17 de maio).
A mensagem do Papa para a ocasião é publicada, tradicionalmente, no dia 24 de janeiro, festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. Em 2014, o tema da mensagem para a data foi “Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro”.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Demora no funcionamento de nova maternidade prejudica Hospital da Mulher



Saúde pública materno-infantil

Enquanto a maternidade da zona norte passa por readequações, o hospital da mulher mãe luzia sofre com superlotação
Por Cindy Medeiros
Com a obra aparentemente pronta, a Maternidade de Risco Habitual localizada na zona norte de Macapá, ainda não foi inaugurada. Lançada em 2013, a construção da maternidade a princípio foi destinada apenas para mães sem riscos de gravidez, com capacidade para 20 leitos, 8 consultórios e berçário. Porém a obra teve que passar por reformas para atingir outros serviços, além de prestar auxílios apenas para mulheres sem complicações na hora de ter o bebê. Mas conforme os dias passam, mais a dificuldade de prestar um atendimento eficaz cresce no Hospital da Mulher Mãe Luzia, até então a única maternidade ativa da capital. Diariamente, médicos e enfermeiros precisam dar conta do enorme número de casos que aparecem no hospital.
Segundo o Ministério da Saúde, é preciso ampliar o número de leitos obstétricos de acordo com a necessidade da população de uma região. O que não aconteceu com a Maternidade Mãe Luzia, existente desde 1953, que não acompanhou o crescimento demográfico da cidade. Além disso, não há como humanizar as instalações presentes no ambiente que futuramente ainda irá passar por uma ampliação. De acordo com a diretora da instituição, Nirce Carvalho, é muito importante o funcionamento da nova maternidade de Risco Habitual devido ao número de habitantes que tem em Macapá. “Nós somos a única maternidade de referência de Macapá; precisaria de pelo menos 500 leitos para atingir a demanda”, ressalta.
Para a autônoma Nilva Maria Ramos, de 36 anos, foi uma dificuldade imensa conseguir o nascimento de seu bebê. Com uma gravidez de risco, e depois de três tentativas ao ir à maternidade, a amapaense teve que realizar todo o trabalho de parto em uma cadeira de rodas, devido não haver mais lugar para o possível parto. “Me mandaram sempre embora, mas quando foi a última vez não aguentei chegar na sala de parto e acabei tendo na cadeira de rodas”, relata a mãe da pequena Valentina.
Já a cidadã amapaense Márcia Silva, de 41 anos, o caso foi diferente. Mas o problema não deixa de ser o mesmo. Depois de ter descoberto em uma consulta da perda de seu bebê, Márcia precisou fazer a devida curetagem. Porém, teve que esperar duas noites dividindo uma maca com outra mulher que estava também no aguardo de atendimento, sendo raramente examinada e medicada.
De acordo com a diretoria geral da maternidade Mãe Luzia, há apenas 142 leitos distribuídos nos setores de obstetrícia, ginecologia, berçário e tratamento. Com o impedimento de atender toda a demanda que se encontra na organização, a nova instituição com um número de leitos maior precisaria equilibrar a superlotação que existe no Hospital da Mulher. Mas enquanto há a paralisação do funcionamento da maternidade, o hospital mãe luzia precisa lhe dar com as dificuldades que existem no atendimento à paciente. “A maternidade de risco habitual foi destinada para pacientes de parto normal, mas mesmo sendo normal de uma hora para outra ele pode modificar em cirúrgico. É por isso que a maternidade da zona norte ainda não foi inaugurada, devido a construção de um centro cirúrgico”, ressalta a diretora Nirce Carvalho.
Importância da nova maternidade para Rede Cegonha
A Rede Cegonha é um programa nacional que visa realizar uma organização da assistência ao parto e ao nascimento, ela prevê que atue em 4 componentes básicos: qualificação do pré-natal; parto nascimento; puerpério e apoio sanitário e regulação de leitos. Essa estratégia tem como objetivo a importância da saúde materno-infantil. Para os integrantes do programa, é imprescindível a presença da nova Maternidade na cidade, pois é necessário ter o devido cuidado com a saúde da mulher grávida e adiante um nascimento e crescimento saudável à criança.   
Segundo o especialista enfermeiro obstetra e integrante da Rede Cegonha, Ronaldo Sarges, com a nova instituição à capital se espera não só um atendimento eficiente à mulher, mas ao recém-nascido e também ao seu acompanhante. “É necessário ainda ter mais maternidades em pontos estratégicos da cidade. A maternidade da zona norte irá amenizar o problema mas não solucionará a demanda que nós temos”, acrescenta.
“Como diz o médico francês Michel Odent, para mudar o mundo é preciso mudar o jeito de nascer. Qualificar e ampliar a assistência pré-natal, humanizar o auxílio ao parto, garantindo boas práticas baseado em evidências científicas, a presença da família em uma ambiência adequada ao parto”, finaliza Ronaldo.