domingo, 29 de novembro de 2015

AS INVESTIDURAS

A QUESTÃO DAS INVESTIDURAS

Um dos grandes problemas da Igreja no século XI era o seu aspecto feudal. Os bispos e arcebispos, ao administrarem  as terras eclesiásticas, agiam como verdadeiros senhores feudais e muitas vezes desfrutavam  grandes riquezas. Muitas pessoas ,  sem a menor vocação religiosa, eram atraídas por aqueles cargos eclesiásticos que proporcionavam riqueza e poder. Ao mesmo tempo os imperadores, os reis e os senhores feudais, intervinham decisivamente na eleição dos dignatários da Igreja, para favorecer  aqueles  que lhes fossem leais.  Contra esses abusos, contra a simonia, contra o laicismo clerical, insurgiu-se  vigorosamente o grande Papa Gregório VII, antigo clérico da abadia Cluny (França), comunidade religiosa onde os monges exerceram, pelo  exemplo de  sua cultura e de  sua piedade, grande influência moralizadora sobre a época.
Nessa época o papado sofria forte influência dos imperadores, uma vez que os Estados  Pontifícios faziam parte do Sacro Império Romano Germânico, fundado por Oton I, em 962. 
O Papa  Gregório VII  (período de  pontificado:1073 a 1085) ,  anteriormente secretário  de seus  antecessores, tinha iniciado um movimento pela emancipação da Igreja dos poderes laicos.  Dotado de grande devoção, possuía uma perfeita noção de seus direitos como Papa. Entendia que seu poder era absoluto, e como chefe da cristandade, competia-lhe sua total direção.   Seus primeiros atos foram a renovação  da condenação contra os sacerdotes simoníacos e a expulsão,  da Igreja,  dos bispos indignos. Em seguida proibiu que qualquer autoridade religiosa recebesse seu cargo das mãos de um leigo. 
Esta última resolução atingia especialmente  ao imperador do Sacro Império Romano Germânico, em cujos domínios havia grande número de feudos religiosos. Henrique  IV, em defesa da autoridade imperial, declarou que a investidura deveria ser dada pelo imperador. Surgia, assim,  a questão das investiduras e iniciava-se a  luta entre o império e o papado. 
 Apoiado  por uma assembléia de bispos alemães sob seu controle, Henrique IV resolveu desafiar as ordens pontifícias. Gregório  VII respondeu com a excomunhão do imperador, ao mesmo tempo que considerou os seus  súditos desligados do juramento de fidelidade e o trono vago.  
Os senhores feudais alemães, que temiam o crescente poderio do imperador, apoiaram Gregório VII e deram a Henrique  o prazo de um ano para uma reconciliação, sob pena de elegerem um novo soberano. Henrique cedeu  e, atravessando os Alpes, foi penitenciar-se em Canossa, onde, vestido como um simples peregrino, durante três dias ficou esperando o perdão pontifical. 
 Henrique IV foi perdoado e levantada sua excomunhão, comprometendo-se , então, a não interferir mais nas eleições dos bispos. No entanto, seu arrependimento não era sincero e refletia apenas um interesse político. Quando conseguiu consolidar  novamente seu poder na Alemanha, invadiu a Itália, estabeleceu um antipapa e obrigou Gregório VII a refugiar-se em Salermo, no sul, onde morreu pouco depois, amargurado, mas pleno de energia espiritual. 
 O conflito continuou e quando não mais existiam os protagonistas da questão das investiduras,  foi feito um acordo entre os príncipes alemães e o Papa, que passou à História com o nome de Concordata de Worms (1122).  O Concílio de Latrão, portanto, um ano após, encerra a questão das investiduras e determina  a proibição da simonia, isto é, venda ilícita de coisas sagradas  ou espirituais, tais como sacramentos, dignidades e benefícios eclesiásticos.  Nesse meio tempo, em 1231 – 1233, por um decreto do Papa Gregório IX, a Santa Inquisição adquiriu funcionamento próprio  para coibir  heresias, tais como, feitiçaria, usura, blasfêmia, etc. e seria restabelecida em 1542 com a finalidade principal de  deter com violência o avanço protestante em Portugal, Espanha e Itália.  (saiba mais sobre a inquisição)
Em 1179, o terceiro Concílio de Latrão determina leis acerca da eleição papal e nomeação dos bispos.
Na fase final da luta entre os Papas e imperadores,  destaca-se a França. Felipe, o Belo (1285 – 1314), neto de São Luís, havia dado ao trono francês a autoridade que lhe faltava devido ao poderio das classes nobres. Seus  conselheiros tinham sido juristas impregnados de direito romano e, conseqüentemente, contribuíram  para que a monarquia feudal se transformasse em uma monarquia absoluta, nos antigos moldes romanos.
O absolutismo do soberano francês chocou-se com as idéias do Papa Bonifácio VIII que, como continuador  de Gregório VII e Inocêncio III, tinha conceitos bem definidos a respeito da soberania papal. Depois de choques causados pela imposição de tributos ao clero, e pela nomeação de um prelado papal que não contava com a confiança de Felipe, o Belo, o Papa foi aprisionado por  aventureiros italianos e soldados franceses em Anagni, vindo a falecer logo depois. Foi escolhido para sucedê-lo o arcebispo francês de Bordéus e a capital  da Igreja transferiu-se para Avinhão, na França. 

CURSO DO MINISTÉRIO DA PALAVRA

O Ministro da Palavra, sua funções, suas vestes e lugar da Presidência

“A Eucaristia é, por excelência, a celebração do dia do Senhor. Muitas comunidades não podendo, porém, celebrar a eucaristia, por falta de presbítero, se reúnem e celebram os mistérios da fé ao redor da Palavra de Deus e, desse modo, asseguram o sentido do domingo. No Brasil, a falta de padres, a dispersão populacional e a situação geográfica do país impedem que inúmeras comunidades tenham a celebração eucarística aos domingos. De acordo com os dados da CNBB, 70% das comunidades brasileiras se reúnem ao redor da Palavra de Deus” (Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, p. 53).
Mas, por razão de número insuficiente de ministros ordenados, a solução pastoral encontrada tem sido a celebração da Palavra de Deus presidida por um diácono, um seminarista ou um ministro leigo encarregado dessa tarefa. “Pode-se estimar em 70 mil o número das comunidades que realizam aos domingos a celebração da Palavra, na ausência do padre, que aí celebra a Eucaristia somente algumas vezes por ano” (cf. Documento 62 da CNBB nº 39). Graças às celebrações da Palavra de Deus as comunidades persistem e crescem na fé e no compromisso com Jesus Cristo e o seu Reino. Sem elas não teremos verdadeiras comunidades cristãs, e em grande parte, o povo não conservará a fé católica.
“Na tradição cristã, o ministério da Palavra é o primeiro ministério, pois é chamado a suscitar a fé e a educá-la (Rm 10,14-15). Em nosso país, são particularmente numerosas ascelebrações dominicais da Palavra, presididas por leigos e leigas que se esforçam por desempenhar esta função na fidelidade ao Evangelho e atendendo às orientações da Igreja e do bispo diocesano” (cf. Documento 62 da CNBB nº 160; Diretório para as celebrações dominicais na ausência de presbítero, da Congregação para o Culto Divino, 10/06/1988; Documento 52 da CNBB, de 1994).
“A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras como o próprio Corpo do Senhor, não deixando nunca, sobretudo na Sagrada Liturgia, de tomar da mesa quer da Palavra de Deus quer do Corpo de Cristo e distribuir aos fiéis o Pão da Vida” (DV 21). Assim como a Eucaristia, a Palavra também é Pão da Vida. É o próprio Cristo com a sua Vida, tanto na Eucaristia, como na Palavra (cf. Jo 6,35-63). Desse modo, “as celebrações da Palavra de Deus não são uma criação das últimas décadas, mas fazem parte da tradição da Igreja… A finalidade destas celebrações é de assegurar às comunidades cristãs a possibilidade de se reunir no domingo e nas festas, tendo a preocupação de inserir suas reuniões na celebração do ano litúrgico e de as relacionar com as comunidades que celebram a Eucaristia” (cf. Documento 52 da CNBB, introdução, p. 06).
Funções
Na ausência de um presbítero, cabe a presidência da celebração da Palavra de Deus a alguém dignamente nomeado ou por ele delegado, pois a presidência litúrgica é exercida em sinal de Cristo-Cabeça da Igreja, que é seu corpo (Ef 1,22-23).
Os diáconos são, portanto, os primeiros indicados para exercer este ministério na ausência do presbítero. No entanto, todo cristão, homem ou mulher, por força do seu batismo e confirmação, pode assumir legitimamente este serviço (cf. Documento de Aparecida nº 211). Portanto, sejam preparados com uma adequada formação os diáconos, seminaristas e ministros leigos e leigas para exercerem essa tarefa litúrgica de presidir a oração da comunidade cristã.
Nos lugares onde se tem o costume dos ministros extraordinários da comunhão eucarística presidirem essa celebração, recebam eles uma formação específica para que sejam investidos particularmente desse ministério.
A função de quem preside a celebração é ajudar o povo a tomar parte de cada ação litúrgica e a viver interiormente o sentido de cada uma delas, não com discurso, mas fazendo bem e colocando alma naquilo que faz. Cada um dos gestos e palavras, tom de voz e atitude de quem preside a celebração da Palavra devem revelar a ternura do Espírito, de quem recebeu o dom para atuar na assembléia de irmãos. É assumir espiritualmente a atitude de Jesus que veio para servir e não para ser servido (Mc 10,45).
Sua tarefa é ser mediador das relações entre Deus e seu povo reunido para celebrar a fé, e articulador entre os ministérios e a comunidade celebrante, fazendo das pessoas reunidas uma assembléia, uma comunidade ativa e participante, um povo que exerce o seu sacerdócio batismal (1Pd 2,9).
Desse modo, “o papel principal de quem preside é manter viva a relação dialogal entre Deus e a comunidade celebrante, entre os ministérios e a comunidade, entre os vários ministérios entre si” (Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, p. 60).
“Quem preside assume a função de coordenar a celebração. Realiza os ritos próprios da presidência: saudação inicial (sinal da cruz, saudação bíblica e etc); proclamação do evangelho e homilia, e convite às preces; proclamação da ação de graças ou da louvação; convite ao Pai nosso e à comunhão; oração final e bênção” (Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, p. 60).
Vestes litúrgicas
“Na Igreja, que é o Corpo de Cristo, nem todos os membros desempenham a mesma função. Esta diversidade de funções na celebração manifesta-se exteriormente pela diversidade de vestes sagradas, que por isso devem ser um sinal da função de cada ministro” (IGMR 335). Há veste própria para o presbítero presidir a celebração da Missa ou outra celebração sacramental, como há também para – na missa ou celebração – o diácono, para os leitores, ministros extraordinários da comunhão eucarística, acólitos ou coroinhas, e ministros da palavra que presidirão a celebração dominical.
Os acólitos, os leitores e os outros ministros leigos podem trajar alva ou outra veste legitimamente aprovadas pela Conferência da Bispos em cada região (IGMR 339).
A veste apropriada do diácono presidir a celebração da Palavra é a túnica branca e a dalmática da cor litúrgica do dia, ou apenas túnica branca e estola diaconal da cor litúrgica do dia. A veste apropriada do seminarista presidir a celebração da Palavra é somente a túnica branca simples.
A veste própria do ministro da Palavra de Deus deve ser orientada pela Diocese, levando-se em conta o grau e a cultura local. Quem preside a celebração da Palavra de Deus deve se diferenciar dos demais – ministros e fiéis – por questões de referência para a assembléia.
Na escolha da veste mais apropriada, a Diocese deve tomar cuidado para que não se clericalize nem vulgarize os ministros da Palavra. “Vestes do tipo jaleco, usados em certas comunidades parecem menos indicadas para o uso litúrgico, pois podem recordar demasiadamente vestes usadas por profissionais em tarefas não litúrgicas” (cf. Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, p. 100).
Verdadeiramente “importa que as próprias vestes sagradas contribuam também para a beleza da ação sagrada” (IGMR 335). “Convém que a beleza e nobreza de cada vestimenta decorram não tanto da multiplicidade de ornatos, mas do material usado e da forma (cf. IGMR 344). Os tecidos e as fibras naturais se prestam para esta função, pois têm uma boa caída e quase sempre apresentam um aspecto de sobriedade. Com suas formas amplas, atenua e neutraliza a individualidade daquele que é vestido, para manifestar sua dignidade e função” (cf. Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB, p. 100).
Lugar da presidência, veste, saudação e bênção…
São muito comum perguntas das comunidades a respeito do lugar da presidência da ministra ou ministro leigo, se deve usar uma veste litúrgica, se é o caso de beijar o altar, se pode dirigir ao povo a saudação “O Senhor esteja convoco (ou: com vocês)”…
Tudo depende do “peso” eclesial que se atribui a esse ministério. Não há como dar uma resposta generalizada; Algumas têm preferido não enfatizar demais esse serviços, minimizando, assim a presidência é considerado um leigo entre os demais, que provisoriamente assume o serviço. Por isso, não senta na cadeira da Presidência, não usa veste litúrgica etc. Nas comunidade e diocese que o serviço da presidência e um ministério reconhecido ou com fiado, e é exercido com certa estabilidade, quem preside ocupa lugar perante a assembléia, beija o altar, usa veste litúrgica, saúda a assembléia co  “O Senhor esteja com vocês”.
Muito depende também da dimensão, da cultura e da sensibilidade da comunidade. Depende ainda do tamanho e do estilo do local da celebração. Numa assembléia pequena talvez nem haja necessidade de sinas especiais para designar o serviço da presidência. Celebrar debaixo de árvore ou ao redor de uma mesa numa casa de família é bem diferente de celebrar na igreja matriz.
Para decidir sobre esse assuntos, é necessário levar em conta o sentido de cada sinal. Afinal, o que se quer evidenciar é a presença de Cristo como cabeça da assembléia reunida. O beijo no altar é sinal de veneração, respeito e admiração, adoração; evidencia que é o centro da celebração: não o ministro, mas Cristo, simbolizado pelo altar. A cadeira da presidência é o lugar de onde Cristo reúne e conduz a comunidade; dá visibilidade a quem esta presidindo em nome de Cristo. A veste expressa mais claramente que se trata de um ministério que a pessoa assume; esta revestida de Cristo para servir a comunidade. Além disso, principalmente aos domingos, a veste dá um ar de festa. E se as cores acompanharem os tempos litúrgicos, teremos um elemento visual a mais para marcar nossa espiritualidade. A saudação “O Senhor esteja com vocês” estabelece um relação de dialogo entre a assembléia e presidência; o que não acontece quando se usa a expressão “O Senhor esteja convosco”, que anula a relação dialogal.
Agora, se qualquer um desses Sinais servir de pretexto para alguém (ministro leigo ou ordenado) assumir ares de poder e superioridade, estará fora do espírito do Evangelho! Todo cuidado é pouco. (Presidir a celebração do dia do Senhor, Ione Buyst – p. 31,32)
Facilitador: Manoel Lima de Oliveira