sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

PAPA FRANCISCO ANGELUS Praça de São Pedro Domingo, 1º de Fevereiro de 2015

PAPA FRANCISCO
ANGELUS
Praça de São Pedro
Domingo, 1º de Fevereiro de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O trecho evangélico deste domingo (cf. Mc 1, 21-28) apresenta Jesus que, com a sua pequena comunidade de discípulos, entra em Cafarnaum, a cidade onde vivia Pedro e que naquele tempo era a maior da Galileia. E Jesus entra naquela cidade.
Narra o evangelista Marcos que Jesus, sendo aquele dia um sábado, foi imediatamente à sinagoga e pôs-se a ensinar (cf. v. 21). Isto faz pensar na primazia da palavra de Deus, Palavra que deve ser ouvida, Palavra que deve ser acolhida, Palavra que deve ser anunciada. Ao chegar a Cafarnaum, Jesus não adia o anúncio do Evangelho, não pensa primeiro onde hospedar, certamente necessário, a sua pequena comunidade, não perde tempo com a organização. A sua principal preocupação é comunicar a Palavra de Deus com a força do Espírito Santo. E as pessoas na sinagoga ficam admiradas, porque Jesus «lhes ensinava como alguém que tem autoridade, e não como os escribas» (v. 22).
Que significa «com autoridade»? Significa que nas palavras humanas de Jesus se sentia toda a força da Palavra de Deus, se sentia a própria autoridade de Deus, inspirador das Sagradas Escrituras. E uma das características da Palavra de Deus é que realiza aquilo que diz. Porque a Palavra de Deus corresponde à sua vontade. Enquanto que nós, muitas vezes, pronunciamos palavras vãs, sem raiz ou palavras supérfluas, palavras que não correspondem à verdade. Ao contrário a Palavra de Deus corresponde à verdade, é unidade com a sua vontade e realiza o que diz. Com efeito Jesus, depois de ter pregado, demonstra imediatamente a sua autoridade libertando um homem, presente na sinagoga, que estava possuído pelo demónio (cf. Mc 1, 23-26). Precisamente a autoridade divina de Cristo tinha suscitado a reacção de satanás, escondido naquele homem; Jesus, por sua vez, reconheceu imediatamente a voz do maligno e «disse severamente: "Cala-te e sai deste homem"!» (v. 25). Com a força da sua palavra, Jesus liberta a pessoa do maligno. E mais uma vez os presentes permanecem admirados: «comanda até os espíritos malignos e eles obedecem-lhe!» (v. 27). A Palavra de Deus faz-nos admirar. Possui a força de nos deixar surpreender.
O Evangelho é palavra de vida: não oprime as pessoas, ao contrário, liberta quantos são escravos de muitos espíritos malignos deste mundo: o espírito da vaidade, o apego ao dinheiro, o orgulho, a sensualidade... O Evangelho muda o coração, muda a vida, transforma as inclinações ao mal em propósitos de bem. O Evangelho é capaz de mudar as pessoas! É portanto tarefa dos cristãos difundir em toda a parte a sua força redentora, tornando-se missionários e arautos da Palavra de Deus. Também no-lo sugere o trecho de hoje o qual termina com uma abertura missionária e diz assim: «E a sua fama — a fama de Jesus — logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia» (v. 28). A nova doutrina ensinada com autoridade por Jesus é a que a Igreja leva ao mundo, juntamente com os sinais eficazes da sua presença: o ensinamento influente e a acção libertadora do Filho de Deus tornam-se as palavras de salvação e os gestos de amor da Igreja missionária. Recordai-vos sempre de que o Evangelho tem a força de mudar a vida! Não vos esqueçais disto. Ele é a Boa Nova, que nos transforma unicamente se nos deixarmos transformar por ela. Eis por que vos peço sempre que tenhais um contacto diário com o Evangelho, que o leiais todos os dias, um trecho, um excerto, que o mediteis e que o leveis convosco por toda a parte: no bolso, na bolsa... Ou seja, alimentai-vos todos os dias nesta fonte inexaurível de salvação. Não vos esqueçais! Lede um trecho do Evangelho todos os dias. É a força que nos muda, que nos transforma: muda a vida, muda o coração.
Invoquemos a intercessão materna da Virgem Maria, Aquela que acolheu a Palavra e a gerou para o mundo, para todos os homens. Que ela nos ensine a ser ouvintes assíduos e anunciadores influentes do Evangelho de Jesus.

Depois do Angelus
Desejo anunciar que no sábado 6 de Junho, se Deus quiser, irei a Sarajevo, capital da Bósnia e Herzegovina. Peço-vos desde já que rezeis para que a minha visita àquelas queridas populações sirva de encorajamento para os fiéis católicos, suscite fermentos de bem e contribua para a consolidação da fraternidade, da paz, do diálogo inter-religioso e da amizade.

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