sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Sola Scriptura: a farsa desmascarada! PARTE 01



Sola Scriptura: a farsa desmascarada!
Data da Postagem: 30 set 2013 | Autor: Mateus
Analisando textos que segundo os protestantes provariam a Sola Scriptura
Se a doutrina de que toda a verdade está na Bíblia é correta, ela mesma deve estar em algum livro da Sagrada Escritura. É uma conclusão lógica. Logo, a grande questão é: onde, na Escritura, está contida tal afirmação? Para demonstrar mais ainda o equívoco dessa doutrina, analisemos as principais dúvidas levantadas a partir de textos bíblicos que segundo os solas cripturistas provariam a Sola Scriptura. Antes de mais nada, convém salientar que nenhum dos textos utilizados pelos solas cripturistas dizem explícita ou ao menos implicitamente ser somente a Escritura a única regra dos cristãos. O que eles fazem é tão somente exaltar a Escritura, não enunciar sua exclusividade.
Analisemos tais textos e comprovemos:
1ª dúvida: “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e equipado para toda boa obra.” (2 Tm 3,16).
Resposta: Esse texto é inclusive o mais citado. Notemos, porém, antes de qualquer coisa, que a passagem aqui afirma apenas a inspiração divina da Bíblia – o que aceitamos plenamente! No entanto, ela não diz que somente a Escritura é regra de fé. Assim, ao afirmarmos que “Fulano é inteligente” não estamos dizendo que “Só Fulano é inteligente.” Logo, o texto escriturístico referido não favorece a pretensão solascripturista. Defender a Sola Scriptura a partir desses versos é extrapolar para afirmações ausentes do texto. Se olharmos o contexto dessa passagem, somente em 2º Timóteo, S. Paulo cita a tradição oral três vezes (1,13-14; 2,2 e 3,14). E para entendermos melhor o caso, comparemos esse texto com outro do mesmo apóstolo, pois ele esclarecerá melhor o assunto: “A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo. Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores. Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a cabeça, Cristo.” (Efésios 4,11-15). Como se vê, se 2º Timóteo 3 provasse a Sola Scriptura, pelo mesmo critério, Efésios 4 provaria a suficiência do Magistério da Igreja (representado aqui pelos pastores, professores, etc.) para o aperfeiçoamento dos cristãos. Em Ef 4,11-15 se diz que os cristãos são ensinados, edificados, trazidos à unidade e ao estado de homens feitos na maturidade de Cristo, e protegidos da confusão doutrinal por meio do Magistério da Igreja. Isso é uma afirmação muito mais forte do aperfeiçoamento dos homens do que 2º Timóteo 3, 16.17, mas aqui a Escritura não é citada como fonte de aperfeiçoamento. Concluiremos, por isso, que o Magistério da Igreja é a única fonte de fé? Excluiremos a Escritura dessa fonte de aperfeiçoamento? É claro que não!
Veja também a carta de S. Tiago 1, 4: “Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma.” Esse texto também é mais explícito do que 2 Tm 3, 16.17, no entanto, ele não menciona a Escritura. Diremos, então, que a paciência é a única a tornar o homem perfeito, excluindo-se aí a Escritura? Lógico que não. Mas se todos os elementos extrabíblicos estivessem excluídos de 2º Timóteo, pelo mesmo raciocínio, seríamos levados a concluir que a Escritura estaria excluída em Efésios 4, 11-15 e em S. Tiago 1, 1-4, já que aqui ela não é citada. Para confirmar mais ainda isso, veja mais um texto, com o qual, se seguíssemos o argumento solas cripturista, seríamos forçados a rejeitar a própria Escritura e ficarmos apenas com a Tradição; e isso seria um absurdo, claro. Trata-se do texto da segunda carta de São João que diz: “Tenho muitas outras coisas para escrever-vos, porém, não quero fazê-lo por tinta e papel, pois espero ir até vós e falar-lhes face a face, para que vosso gozo seja completo” (2 João 1.12). Nessa passagem, explicitamente, o apóstolo diz que aquilo que ele dirá oralmente será o gozo completo de seus leitores. Está S. João dizendo, por causa disso, que apenas suas palavras orais são capazes de gerar gozo, excluindo-se a Escritura?
Não acha, portanto, mais razoável admitir, com os grandes especialistas em Bíblia, que a ausência de um ou mais elementos em um texto não significa que devam ser excluídos? Não se vê que o ensino da Escritura é por partes, ou seja, a Bíblia não diz tudo de uma vez? Não dá para se perceber que um texto completa o outro e não exclui o outro? Como é que num texto em que se lê TODA a Escritura, podemos ver SOMENTE a Escritura? Por acaso, o pronome toda é sinônimo do advérbio somente?
Não adianta objetar com a palavra útil (“ophelimos” em grego), pois nada ela prova. Um martelo é útil para fixar pregos, inclusive é o meio normal de fixá-los, porém, não quer dizer que todos os pregos só podem ser fixados por martelos. Semelhantemente a Escritura é útil para várias coisas, entretanto, não quer dizer que todas as coisas devam ser conhecidas apenas por ela. Beber água também é útil à vida, mas isso não quer dizer que ela seja a única que nos manterá vivos. A comida, por exemplo, também é necessária à vida.
Quanto às palavras perfeito e preparado também em nada favorece essa doutrina. O fato de a Escritura dizer que ela torna o homem perfeito e preparado para toda boa obra, de fato, não insinua a Sola Scriptura, mas ao contrário pressupõe a existência de outros elementos necessários. Assim, quando dizemos, por exemplo, que um escoteiro possui todo o equipamento necessário para a sua exploração, com exceção do cantil, e vai até uma loja de material de camping e o compra, então poderá afirmar que “agora está completo, pronto para a sua aventura”; só que há um detalhe: isto não significa que o cantil foi o único equipamento de que ele necessitava para estar pronto; na verdade, o cantil foi somente a última peça do equipamento. A certeza de que estava pronto pressupunha que ele já tinha todo o resto do equipamento necessário. Da mesma forma, a afirmação bíblica de que ela torna o homem de Deus perfeito também pressupõe que este homem de Deus detém alguns outros artigos pertencentes à doutrina, como por exemplo, a Tradição oral dos apóstolos.
E mesmo quando uma pessoa adquire todo o equipamento necessário de uma mesma loja, esta necessariamente não ensina como tal equipamento deve ser usado. Por isso precisa ser instruído, para saber como usá-lo. Novamente exemplificando, o fato de uma pessoa possuir todo o equipamento necessário para sobreviver numa selva ou suportar uma longa caminhada não significa que saiba usá-lo. Assim, ainda que a Escritura forneça a alguém todo o conhecimento básico para a salvação, ela pode ser tão obscura em certos pontos, como de fato o é, que torna necessário o uso da Tradição Apostólica para se chegar a uma correta interpretação. Portanto, ainda que a Bíblia ofereça toda a base necessária para a salvação, ela não nos ensina todos os detalhes.
Além disso, Paulo utiliza sempre este tipo de linguagem sobre outras coisas. Com efeito, em toda essa carta ele usa a mesma frase. Em 2,21, por exemplo, ele escreve “…Quem, portanto, se conservar puro e isento dessas doutrinas, será um utensílio nobre, santificado, útil ao seu possuidor, preparado para toda boa obra”. No contexto, S. Paulo está falando sobre a santificação, e a libertação dos desejos da juventude (v. 22). Está com isso dizendo que a santificação é a única coisa que irá prepará-lo? Podemos afirmar que o apóstolo não necessitava de nada mais para se preparar a não ser a santificação? Então está excluída aí a Escritura?
Além de tudo isso, se analisarmos com atenção o trecho citado, notaremos que ele está fora do contexto. Em toda esta epístola Paulo fala sobre as várias coisas necessárias para formar o cristão. No contexto imediato ele escreve, no versículo 10: “…mas você tem seguido cuidadosamente minha doutrina, modo de vida, objetivo, paciência, amor, perseverança…”. Ele não diz no versículo 10 que a única fonte de doutrina é a Escritura! É óbvio que o modo como Timóteo primeiramente recebeu a doutrina de Paulo foi pelo seu estilo de vida e pelo ensino oral. No verso 14 ele diz para perseverar no que a Timóteo foi confiado. Então, quando chegamos aos versículos 15-17, a conclusão, no que diz respeito a estar devidamente preparado para qualquer boa obra, inclui esta Tradição oral explicada no versículo 10. Este é o contexto que explica os versículos 15 a 17.

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