sábado, 24 de janeiro de 2015

CARTILHA DA CATEQUESE 2015 PARTE VIII



1.   PSICOLOGIA DAS IDADES

A catequese exige o conhecimento de: 1) Conteúdos da catequese; 2) Pedagogia e Psicologia da criança e do adolescente; 3) Conhecimento das crianças e dos adolescentes com quem trabalhamos e convivemos; 4) testemunho de vida do catequista.
          Essas exigências darão o norte para onde queremos caminhar:
®    O que vamos transmitir na catequese?
®    Para quem?
®    Como vamos transmitir?
          É muito importante conhecer o desenvolvimento religioso do indivíduo, levando em consideração as contribuições da psicologia e da pedagogia. A educação da fé deve penetrar profundamente na vida da pessoa. A Palavra de Deus é a mesma para todos, mas cada idade tem maneira peculiar de acolher a mensagem. Educar é possibilitar à pessoa um desenvolvimento total em todas as suas dimensões. Fazer desabrochar as qualidades e potencialidades que são fontes de realização e crescimento na fé.
FASE DE 4 A 6 ANOS – A criança se sente limitada pela vontade dos outros e se torna “difícil”. É nessa idade que as crianças começam a descobrir as diferenças entre menino e menina e a perceber que, em relação a isso, cada um tem papel diferente na sociedade. Neste período acontece a identificação ou não, a aceitação ou não deste papel. É a primeira crise do eu. A criança é sensível ao elogio e à repressão. É realista e imaginativa; as imagens tomam vida: o sol que brilha, o colorido da flor, a água corrente, tudo é motivo para olhar, escutar, mexer.
          Nessa fase predomina a afetividade: deseja fazer alguma coisa pelo prazer e não pelo resultado. Por exemplo: brinca com barro, com água, areia... É o despertar da consciência moral, a idade do sim e do não. É capaz de distinguir o bem do mal. É o nascimento da liberdade, ela começa a responder pro si mesma.
Orientações para a catequese – Catequese afetiva, ocasional, à base da confiança; catequese inseparável da ação. Sentida da grandeza de Deus e sua bondade através da criação. A criança faz perguntas que devem ser respondidas, de acordo com sua capacidade de compreensão.
Atividades: Gestos concretos, oração espontânea, desenho...
FASE DE 7 A 9 ANOS (crise do uso da razão) – A criança é muito ativa, começa a querer conhecer o mundo de fora: é a idade dos porquês. Só aceita e compreende as coisas concretas. É nessa fase que a criança “gosta de quebrar” as coisas, pela vontade que tem de “descobrir” tudo. A criança vai saindo do ambiente familiar para entrar em contato com o mundo. Esse contato provoca um intenso desenvolvimento psico-social. Encontra dificuldades no relacionamento. Ela começa a perceber que seus pais não são perfeitos, não sabem, nem podem tudo.
          A criança já diz “a gente”, pois começa a ter companheiros. Antes do uso da razão, a criança tem o senso religioso, mas não tem ato livre e, portanto, fé pessoal.  O relacionamento com Deus é muito marcado pelos pais. É a época da catequese de introdução na comunidade, a catequese de interiorização da fé, pois a criança já tem a capacidade de amar a Jesus e entender o sofrimento das pessoas. Ainda não compreende as ideias abstratas de Deus, mas entende claramente que Deus a ama.
          É uma idade muito importante, pois aqui se forma a personalidade espiritual da criança. Precisa dizer-lhe sempre a verdade, com respostas claras e simples à altura de seu desenvolvimento mental. É o despertar responsabilidade e da criatividade, descobre o certo e o errado, deixa-se influenciar pelos outros, sobretudo pelas crianças maiores e pelos adultos. Deseja “ser grande”. A afetividade é passiva e ativa ao mesmo tempo. Seus sentimentos são violentos, mas de pouca duração: é capaz de bater no irmãozinho e, em seguida, dar-lhe um beijo.
Orientações para a catequese – O catequista deve estimular para o bem e para o belo: atitudes de partilha, cartazes bem feitos, cores e gravuras adequadas. Canalizar a agressividade para o bem; aproveitar sua energia com atividades e não através de castigos. É necessário que o catequista procure ter contato com a família para conhecer melhor a criança e o meio em que ela vive. Organizar atividades com participação em equipes; brincadeiras com certas regras, que estimulem as lideranças.
          Ensinar as verdades essenciais de tal maneira que ajudem a vida de fé. Nesta fase, iniciar a preparação para os sacramentos, a reflexão e interiorização – o sentido de Deus: sua grandeza e sua bondade, através da criação em clima de amor. Leva-los a descobrir que Deus é grande, é Pai bondoso e que ama muito.
Atividades: Desenho livre, modelagem, cantos, orações (com gestos), simples mas não infantis, que levem a assumir algum compromisso concreto; desenvolver o sentido da doação.
FASE DE 9 A 11 ANOS (meninice) – Idade social do jogo, da vivência em grupinhos. Entra o sentido da lei, do bem comum, da justiça. É a idade da prática. Essa idade é caracterizada pela curiosidade intelectual e inteligência prática. Gosta de descobrir, do trabalho dos adultos e de equipe; idade das coleções (cartões, figurinhas...). Seleciona suas companhias e amizades.
          Gosta de viver o mundo dos sonhos, da fantasia. Dá muita importância a pequenos ciúmes, gracejos, falatórios. Como é a fase do ciúme, o catequista não deve colocar nenhum catequizando em destaque, evitar preferências; criar um clima de companheirismo, mostrando a importância de viverem juntos. Senso de “pesquisa”, procura atividades perigosas influenciado por filmes e vídeo games... canalizar suas energias através de atividades bem movimentadas e sadias.

Orientações para a catequese – Nesta fase a catequese irá basear-se na história da Salvação. Encontros com oração, cantos, equipes, coisas da vida. Nesse período a criança é sensível à ação na sociedade e, por isso, sensível a uma catequese litúrgica. Deve ser uma catequese da ação, dos fatos, sociabilidade. Colocar as devidas orientações para a confissão e boa comunhão.
Atividades: Manuseio da Bíblia, pesquisa. Trabalhos em grupo: álbuns, painéis, redações. Celebração com gestos, cantos ritmados. Assumir compromisso na comunidade que parte dele, ajudar necessitados, visitar pessoas pobres e doentes.
FASE DE 11 A 13 ANOS (Pré-adolescência) – De agora em diante será tudo aquilo que ele descobrir. O pré-adolescente é inseguro (crise do eu consciente) e busca ideal e segurança nos heróis. É a fase das grandes transformações que chamamos puberdade (mudanças físicas, afetivas, intelectuais). Descobre a própria sexualidade, mas ainda tem dificuldades em lidar com ela. Ele não se sente aceito na sociedade: não é mais criança, por isso não gosta de se misturar com crianças, gerando crítica, violência interior e exterior. Não quer receber ordens impostas; tem conflitos consigo e sua família; questiona as ordens estabelecidas. É capaz de grande generosidade, mas desanima-se facilmente quando não consegue o que deseja.
Orientações para a catequese – Nessa fase a catequese apela par o EU, para o que há de melhor dentro do catequizando; o catequista tem que ser muito amigo para poder orientá-lo bem. Tratá-los com amor, mas com muita firmeza, porque eles precisam de muita segurança. Ouvir reclamações, sem dar importância, mas dar orientações e orientá-los. Nesta idade vale a “pedagogia do herói” e as testemunhas da Igreja. Personagens concretos no contexto histórico em que viveu: dificuldades, lutas, limitações. A pedagogia da fantasia e do medo não vale mais.
Atividades: Nesta fase, faz-se necessária ampla documentação: cartazes, fontes de consulta, mapas, fotografias, gravuras, jornais, pois  catequizando precisa confirmar tudo o que lhe dizem.
FASE DE 14 A 17 ANOS (adolescência) – Tudo gira em torno da personalização. É a idade da ruptura, da rejeição de uma religião infantil. Oportunidade para lembrar a formação da personalidade com perspectivas cristãs. Nessa fase, o catequista deverá orientar o adolescente para o caminho da doação e do amor. Orienta-lo para a lealdade, sinceridade, doação, felicidade, companheirismo, respeito (valores)... numa atitude de quem está a caminho da amizade e do amor. Gosta de aventuras, não tem muita noção de perigo. Descobre a amizade; procura relacionamento grupal. Insegurança no futuro. Necessidade de crescer, de se realizar – acha que a religião impede de viver em plenitude (proibições). Sente-se único, pela descoberta do eu. Analisa e critica tudo. Auto-afirmação, busca a própria identidade, procura ser ele mesmo. Procura Deus, mas a sua ideia de Deus é, muitas vezes de um ser distante, que não se interessa com os problemas que ele vive. Não vê Deus como aquele que ama e perdoa.
Orientações para a catequese – A catequese como anúncio da Boa Nova que leva o adolescente a uma opção por Jesus Cristo, como um convite para o crescimento de sua personalidade – chamando à vivência dos valores humanos (amor, liberdade, felicidade, justiça, paz). Dar uma visão dinâmica do cristianismo: somos o povo de Deus em marcha; formamos a Igreja – Comunidade. Temos uma missão nesta Igreja; apresentar o caminho para a salvação.
          Os sacramentos sejam apresentados como a atualização dos gestos de Cristo. A catequese deve levar o adolescente ao encontro pessoal com Cristo, do qual brote uma resposta profunda de compromisso.

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