1.
PSICOLOGIA DAS IDADES
A catequese exige o conhecimento de: 1) Conteúdos da catequese; 2)
Pedagogia e Psicologia da criança e do adolescente; 3) Conhecimento das
crianças e dos adolescentes com quem trabalhamos e convivemos; 4) testemunho de
vida do catequista.
Essas exigências
darão o norte para onde queremos caminhar:
® O que vamos transmitir na catequese?
® Para quem?
® Como vamos transmitir?
É muito importante
conhecer o desenvolvimento religioso do indivíduo, levando em consideração as
contribuições da psicologia e da pedagogia. A educação da fé deve penetrar
profundamente na vida da pessoa. A Palavra de Deus é a mesma para todos, mas
cada idade tem maneira peculiar de acolher a mensagem. Educar é possibilitar à
pessoa um desenvolvimento total em todas as suas dimensões. Fazer desabrochar
as qualidades e potencialidades que são fontes de realização e crescimento na
fé.
FASE DE 4 A
6 ANOS – A criança se sente limitada pela vontade
dos outros e se torna “difícil”. É nessa idade que as crianças começam a
descobrir as diferenças entre menino e menina e a perceber que, em relação a
isso, cada um tem papel diferente na sociedade. Neste período acontece a
identificação ou não, a aceitação ou não deste papel. É a primeira crise do eu.
A criança é sensível ao elogio e à repressão. É realista e imaginativa; as
imagens tomam vida: o sol que brilha, o colorido da flor, a água corrente, tudo
é motivo para olhar, escutar, mexer.
Nessa fase
predomina a afetividade: deseja fazer alguma coisa pelo prazer e não pelo
resultado. Por exemplo: brinca com barro, com água, areia... É o despertar da
consciência moral, a idade do sim e do não. É capaz de distinguir o bem do mal.
É o nascimento da liberdade, ela começa a responder pro si mesma.
Orientações para a catequese – Catequese
afetiva, ocasional, à base da confiança; catequese inseparável da ação. Sentida
da grandeza de Deus e sua bondade através da criação. A criança faz perguntas
que devem ser respondidas, de acordo com sua capacidade de compreensão.
Atividades: Gestos concretos, oração espontânea, desenho...
FASE DE 7 A
9 ANOS (crise do uso da razão) – A criança é
muito ativa, começa a querer conhecer o mundo de fora: é a idade dos porquês.
Só aceita e compreende as coisas concretas. É nessa fase que a criança “gosta
de quebrar” as coisas, pela vontade que tem de “descobrir” tudo. A criança vai
saindo do ambiente familiar para entrar em contato com o mundo. Esse contato
provoca um intenso desenvolvimento psico-social. Encontra dificuldades no
relacionamento. Ela começa a perceber que seus pais não são perfeitos, não
sabem, nem podem tudo.
A criança já diz “a
gente”, pois começa a ter companheiros. Antes do uso da razão, a criança tem o
senso religioso, mas não tem ato livre e, portanto, fé pessoal. O relacionamento com Deus é muito marcado
pelos pais. É a época da catequese de introdução na comunidade, a catequese de
interiorização da fé, pois a criança já tem a capacidade de amar a Jesus e
entender o sofrimento das pessoas. Ainda não compreende as ideias abstratas de
Deus, mas entende claramente que Deus a ama.
É uma idade muito
importante, pois aqui se forma a personalidade espiritual da criança. Precisa
dizer-lhe sempre a verdade, com respostas claras e simples à altura de seu
desenvolvimento mental. É o despertar responsabilidade e da criatividade,
descobre o certo e o errado, deixa-se influenciar pelos outros, sobretudo pelas
crianças maiores e pelos adultos. Deseja “ser grande”. A afetividade é passiva
e ativa ao mesmo tempo. Seus sentimentos são violentos, mas de pouca duração: é
capaz de bater no irmãozinho e, em seguida, dar-lhe um beijo.
Orientações para a catequese – O
catequista deve estimular para o bem e para o belo: atitudes de partilha,
cartazes bem feitos, cores e gravuras adequadas. Canalizar a agressividade para
o bem; aproveitar sua energia com atividades e não através de castigos. É necessário
que o catequista procure ter contato com a família para conhecer melhor a
criança e o meio em que ela vive. Organizar atividades com participação em
equipes; brincadeiras com certas regras, que estimulem as lideranças.
Ensinar as verdades
essenciais de tal maneira que ajudem a vida de fé. Nesta fase, iniciar a
preparação para os sacramentos, a reflexão e interiorização – o sentido de
Deus: sua grandeza e sua bondade, através da criação em clima de amor. Leva-los
a descobrir que Deus é grande, é Pai bondoso e que ama muito.
Atividades: Desenho livre, modelagem,
cantos, orações (com gestos), simples mas não infantis, que levem a assumir
algum compromisso concreto; desenvolver o sentido da doação.
FASE DE 9 A
11 ANOS (meninice)
– Idade social do jogo, da vivência em grupinhos. Entra o sentido da lei, do
bem comum, da justiça. É a idade da prática. Essa idade é caracterizada pela
curiosidade intelectual e inteligência prática. Gosta de descobrir, do trabalho
dos adultos e de equipe; idade das coleções (cartões, figurinhas...). Seleciona
suas companhias e amizades.
Gosta de viver o
mundo dos sonhos, da fantasia. Dá muita importância a pequenos ciúmes,
gracejos, falatórios. Como é a fase do ciúme, o catequista não deve colocar
nenhum catequizando em destaque, evitar preferências; criar um clima de
companheirismo, mostrando a importância de viverem juntos. Senso de “pesquisa”,
procura atividades perigosas influenciado por filmes e vídeo games... canalizar
suas energias através de atividades bem movimentadas e sadias.
Orientações para a catequese – Nesta
fase a catequese irá basear-se na história da Salvação. Encontros com oração,
cantos, equipes, coisas da vida. Nesse período a criança é sensível à ação na
sociedade e, por isso, sensível a uma catequese litúrgica. Deve ser uma
catequese da ação, dos fatos, sociabilidade. Colocar as devidas orientações
para a confissão e boa comunhão.
Atividades: Manuseio da Bíblia,
pesquisa. Trabalhos em grupo: álbuns, painéis, redações. Celebração com gestos,
cantos ritmados. Assumir compromisso na comunidade que parte dele, ajudar
necessitados, visitar pessoas pobres e doentes.
FASE DE 11 A
13 ANOS (Pré-adolescência)
– De agora em diante será tudo aquilo que ele descobrir. O pré-adolescente é
inseguro (crise do eu consciente) e busca ideal e segurança nos heróis. É a
fase das grandes transformações que chamamos puberdade (mudanças físicas, afetivas, intelectuais). Descobre a
própria sexualidade, mas ainda tem dificuldades em lidar com ela. Ele não se
sente aceito na sociedade: não é mais criança, por isso não gosta de se
misturar com crianças, gerando crítica, violência interior e exterior. Não quer receber ordens impostas; tem conflitos
consigo e sua família; questiona as ordens estabelecidas. É capaz de grande
generosidade, mas desanima-se facilmente quando não consegue o que deseja.
Orientações para a catequese – Nessa
fase a catequese apela par o EU, para o que há de melhor dentro do
catequizando; o catequista tem que ser muito amigo para poder orientá-lo bem.
Tratá-los com amor, mas com muita firmeza, porque eles precisam de muita
segurança. Ouvir reclamações, sem dar importância, mas dar orientações e
orientá-los. Nesta idade vale a “pedagogia do herói” e as testemunhas da
Igreja. Personagens concretos no contexto histórico em que viveu: dificuldades,
lutas, limitações. A pedagogia da fantasia e do medo não vale mais.
Atividades: Nesta fase, faz-se
necessária ampla documentação: cartazes, fontes de consulta, mapas,
fotografias, gravuras, jornais, pois
catequizando precisa confirmar tudo o que lhe dizem.
FASE DE 14 A
17 ANOS (adolescência) – Tudo gira em torno da personalização.
É a idade da ruptura, da rejeição de uma religião infantil. Oportunidade para
lembrar a formação da personalidade com perspectivas cristãs. Nessa fase, o
catequista deverá orientar o adolescente para o caminho da doação e do amor.
Orienta-lo para a lealdade, sinceridade, doação, felicidade, companheirismo,
respeito (valores)... numa atitude de quem está a caminho da amizade e do amor.
Gosta de aventuras, não tem muita noção de perigo. Descobre a amizade; procura
relacionamento grupal. Insegurança no futuro. Necessidade de crescer, de se
realizar – acha que a religião impede de viver em plenitude (proibições).
Sente-se único, pela descoberta do eu.
Analisa e critica tudo. Auto-afirmação, busca a própria identidade, procura ser
ele mesmo.
Procura Deus, mas a sua ideia de Deus é, muitas vezes de um ser distante, que não se interessa com os problemas que ele
vive. Não vê Deus como aquele que ama e perdoa.
Orientações para a catequese – A
catequese como anúncio da Boa Nova que leva o adolescente a uma opção por Jesus
Cristo, como um convite para o crescimento de sua personalidade – chamando à
vivência dos valores humanos (amor, liberdade, felicidade, justiça, paz). Dar
uma visão dinâmica do cristianismo: somos o povo de Deus em marcha; formamos a Igreja
– Comunidade. Temos uma missão nesta Igreja; apresentar o caminho para a
salvação.
Os sacramentos
sejam apresentados como a atualização dos gestos de Cristo. A catequese deve
levar o adolescente ao encontro pessoal com Cristo, do qual brote uma resposta
profunda de compromisso.
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