sexta-feira, 13 de março de 2015

Perpétuo Socorro – A Virgem da Paixão



socorro
Uma espada, verdadeiramente, transpassou a vossa alma, ó nossa Mãe! Por isso, a força da dor trespassou a vossa alma, com muita razão, podemos chamar-vos mais que mártir, porque em vós a participação da paixão do Filho superou muito em intensidade os sofrimentos físicos do martírio.
São Bernardo de Claraval

HISTÓRIA DO ÍCONE DA MÃE DO PERPÉTUO SOCORRO
O autor do ícone é desconhecido, estudiosos acreditam, no entanto que tenha sido um monge cretense que tenha criado a obra. Sua origem também é ignorada apenas hipóteses que versam sobre sua procedência entre os séculos XIV a XVII.
Uma tradição diz que este ícone foi roubado de um mosteiro na Ilha de Creta e depois de muito tempo foi levado a Roma. O ladrão, antes de morrer pediu a um amigo que o levasse a uma igreja para ser venerado, mas este amigo resolveu descumprir a palavra para presentear a sua esposa, que havia ficado fascinada pelo ícone. Daí, a Virgem apareceu a uma criança de seis anos, e mandou-lhe dizer à mãe e à avó que o quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro devia ser colocado na Igreja de São Mateus Apóstolo.
Após um tempo de muitas mudanças de congregações na Igreja de São Mateus, o ícone foi embora da igreja com os agostinianos. Chegou então a congregação dos redentoristas para assumir as terras pertencentes à Igreja de São Mateus e souberam da história deste ícone milagrosa e tiveram interesse em resgatá-lo.
Então a Congregação do Santíssimo Redentor pede ao papa Pio IX que o ícone da Virgem da Paixão seja colocado na recém construída igreja do Santíssimo Redentor, localizada perto da antiga Igreja de São Mateus. O papa concede-lhes o pedido e diz ao superior dos Redentoristas para fazer a Virgem sob o título de Mãe do Perpétuo Socorro seja conhecida no mundo inteiro.
Em 1990 o ícone foi restaurado. Na ocasião o teste de carbono 14, indicaram que a madeira do ícone do Perpétuo Socorro pode ser datada seguramente dos anos 1325-1480. Já Uma análise artística situou a pigmentação da pintura numa data posterior (após o século XVII); isto explicaria por que o ícone oferece uma síntese de elementos orientais e ocidentais, especialmente nos seus aspectos faciais.
O original do ícone da Virgem da Paixão pode ser encontrado em Roma na Igreja de santo Afonso, dos Redentoristas, na via Merulana, com 54 centímetros de altura por 41,5 de largura.
ESPIRITUALIDADE DO ÍCONE 
Dentro da classificação dos grupos temáticos dos ícones, o de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro é caracterizado pelos estudiosos da arte sacra como Virgem da Paixão. Isso porque toda a sua composição e a sua mensagem exprimem a paixão de Jesus, o Redentor do homem.
Vemos no ícone Maria em posição frontal, num braço ela porta Jesus que abençoa e, com o outro, o aponta para quem, olha para a pintura, aludindo no gesto à frase “é ele o caminho”. Com Maria, não tememos este caminho, pois, como o Menino Jesus assustado ao ver a Cruz podemos correr e nos sustentar com as nossas mãos na sua mão materna e segura.
Temos um ícone da Mãe de Deus cujo centro é a cruz. A cruz de Jesus, segurada pelo anjo, revelando que o mistério salvífico acontece por meio desta cruz. É também a cruz da Virgem Maria, que em toda a sua vida viu-se crucificada pelas dores e sofrimentos do seu Filho e por isso com Ele, é co-redentora; por sua vez nossa cruz, as nossas dores e sacrifícios, encontram força e consolo no olhar de esperança e materno de Maria. Seu olhar é capaz de ver cada um pessoalmente e a cada um dos seus filhos dá o sustento e amparo necessários.
Na representação da Virgem da Paixão, os arcanjos Gabriel e Miguel , na parte superior, de um lado e do outro de Maria, apresentam os instrumentos da paixão. Um dos arcanjos segura a cruz e o outro a lança e a cana com uma esponja na ponta ensopada de vinagre (Jo 19,29).
Diante de tão grande mistério nos resta dizer: Verdadeiramente tu és a nossa Mãe! Verdadeiramente tu és o nosso socorro nesta vida e em toda a eternidade! No pêndulo da existência humana, está a nossa vida, ó Virgem, desprotegida e por um fio, como a sandália do Pequeno Deus, que prefigura a sua morte e assume a fragilidade de nossa vida, é o ápice de sua humanidade. Sem sandálias nos pés, ficou o Senhor, adentrando num caminho de perfeita entrega e doação. Uni-nos, ó Mãe, a este despojamento supremo, à paixão, morte e ressurreição de Jesus. Espera por nós teus filhos socorridos por tuas mãos e pelo teu doce olhar de Mãe.
A COMUNIDADE SHALOM E A MÃE DO PERPÉTUO SOCORRO 
Em dezembro de 2007, alguns irmãos da Comunidade Shalom tiveram a missão de escrever o ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Igreja de São Raimundo, em Fortaleza-Ce; entre eles estavam, Nertan Braga, Guadalupe M. Cabral, Tarcísio Costa, Solange Brito e Ana Paula Soares. O ícone de mais de três metros de altura, escrito na parede central do presbitério da igreja, surpreendia a todos da comunidade daquela paróquia, por sua beleza e riqueza de detalhes. Nertan Braga, que participava da pintura do ícone testemunha a experiência de ver no ícone a Palavra de Deus e ver na Palavra o ícone escrito. Segundo ele, foi um forte momento de intercessão por todas as mães e por todas as mulheres que não podiam gerar filhos. “Maria sustentava a todos com o seu olhar”. Guadalupe M. Cabral, relata com suas palavras a experiência de escrever este ícone. “O bom Deus me deu a graça de pintar o ícone da Mãe de Deus do Perpétuo Socorro. Que alegria e que responsabilidade! Ícone é oração, é a Palavra expressa em formas, linhas e cores. Diariamente cantávamos o hino do Akáthistus à Mãe de Deus e meditávamos no mistério que estava se manifestando. Também fomos sustentados pela oração da comunidade local; e a Mãe de Deus se manifestou de uma beleza sem igual. Majestosa e serena traz nos seus braços o Menino Deus, o Salvador. Seu olhar materno, vivo, penetrante e cheio de compaixão, nos contempla como filhos amados. Parece-nos ‘dizer’ que está sempre perto, ouvindo nossas suplicas e intercedendo por nós, junto ao seu Filho Jesus. Ela nos ama muito.”
Por Daniela S. Neves

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