Havia
uma revolta. E essa revolta gerava repulsa e indiferença a Deus e a
Seus planos. Eu não queria sofrer. Eu não queria ser pregada na cruz. Eu
não queria estar passando por tudo isso. Eu não queria essa vida a que
Deus me chama. Eu cheguei a desejar que nunca tivesse sido escolhida por
Deus, porque foi a partir daí que tudo desandou.
Ao ser envolvida por Seu amor verdadeiro, paciente e constante, eu
fiquei irremediavelmente apaixonada por Ele. E quando você se apaixona é
um destroço, faz promessas que não pode cumprir. “Um coração apaixonado
é bobo”, já dizia a musiquinha. E eu inventei de prometer minha vida.
Eu prometi o meu “sim”, para sempre. E ainda dizia a Deus que minha vida
e meu “sim” eram poucos diante de tudo aquilo que Ele me dava, que meu
desejo era dar mais, dar tudo. Mas hoje, sofrendo justamente pelos meus
pecados – porque “ai de Deus” se fosse injustamente né?! Eu chutaria o
pau da barraca, faria escândalo –, hoje pregada na cruz, peço para sair,
quero descer, quero desistir… Por que, afinal, Ele não me chamou aqui
para ser feliz? Onde é que está essa felicidade no meio dessa
“sofrência” toda? Isso não pode está certo. Como é que se é feliz
sofrendo? E outra: como posso evangelizar uma pessoa sabendo que, se ela
se apaixonar por Deus, poderá fazer as mesmas escolhas que eu e até
chegar a sofrer como eu estou sofrendo? Não posso nem reclamar, porque
Ele até que avisou que o caminho é de cruz. E eu, romântica, caí nessa
de ofertar a minha vida pela Igreja, pelos jovens, pelos homens. Caí
nessa de viver pelo outro, de ter que sempre me esquecer de mim. Como
pude caminhar durante sete anos e só perceber agora essa cilada? Tem
alguma coisa errada.
Voltei, então, ao princípio de tudo. O que aconteceu de tão
extraordinário que me fez perder a cabeça a esse nível? Ele me
apresentou o Amor. Isso aconteceu. Ele morreu por mim, mostrou-me a
forma mais plena de amar. Isso aconteceu. E por que isso me conquistou
de tal forma? PORQUE EU NASCI PARA AMAR. Eu NAS-CI para amar! E só
amando, vivendo essa essência, poderei ser feliz. Esse cara chamado
Jesus me ensinou a forma mais plena e perfeita de amar: dar minha vida
para Deus e para a humanidade. E só amando assim serei feliz. Sou
vocacionada ao amor, só me realizarei amando. E o amor não está na minha
indiferença, o amor não está no meu egoísmo, o amor e a felicidade não
estão em viver para mim, passando por cima de tudo e todos para
satisfazer minhas vontades. O amor não está no comodismo, mas no viver
para o outro e para Deus, a ponto de morrer por eles, se for preciso, e
ali, no lenho da cruz, experimentar da mais verdadeira felicidade, a
felicidade de quem viveu e morreu por amor.
Sim, Pai, não é fácil. Mas eu desejo, eu quero, eu vou.
Milena Ribeiro
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